Sabemos que para planejar, precisamos conhecer o nosso objetivo. Mas como planejar de maneira eficiente e eficaz para alcançar tal propósito? Se você fizer essa pergunta à um jogador, a maioria deles irão proferir a palavrinha mágica: "depende". Ou vão te apresentar uma série de passos que eles acreditam ser o mais conveniente, mas que nem sempre pode ser para você.
Não considero as respostas erradas, porém não são as mais claras também. A primeira resposta é muito vaga e suponho que todo jogador sabe que as estratégias dependem de vários fatores como objetivo, nível das ilhas, tempo disponível para o jogo, entre outras inúmeras variáveis. A segunda argumentação, igualmente a primeira, não é a adequada na hora de instruir o jogador à pensar na sua estratégia.
Então o que devo fazer para estabelecer a minha estratégia no Ikariam? Acredito que a resposta mais clara e objetiva seria a junção desses dois argumentos que vimos acima. Há edifícios que devem ser evoluídos independentemente do seu objetivo, mas existem outros que dependem da situação em que você passa.
Nesse texto, vou falar detalhadamente o que você deve levar em consideração na hora de planejar sua estratégia (conjunto de metas), tentando ao máximo não interferir no seu estilo de jogo nem no seu objetivo principal. Talvez futuramente, farei um conjunto de posts tipificando os estilos de jogos mais comuns, exibindo vantagens/desvantagens, linha evolutiva, etc.
Começamos o planejamento analisando o ambiente externo, ou seja, os fatores que não conseguimos controlar plenamente:
- Analisar a sua localização no servidor/mundo;
- Analisar os níveis das florestas e minas das suas ilhas;
- Analisar os templos de suas ilhas;
- Analisar os seus vizinhos e jogadores ao redor da sua ilha;
- São players mais evoluídos? São menos evoluídos?
- Há muitos inativos?
- Fazem parte de uma mesma aliança?
- No caso de você fazer parte de uma aliança:
- Está perto de outros jogadores da mesma aliança ou de aliados?
- Está perto do núcleo da sua aliança?
- Qual a relação que você tem com seus vizinhos? Amigos? Inimigos? Nunca se falaram?
- Qual a distância entre as suas cidades?
- Tem tratado cultural com seus vizinhos/inimigos/aliados?
- Presença ou ausência de jogadores no mercado/mercado negro.
São tantas variáveis externas que é quase impossível listar todas elas aqui, porém quanto mais variáveis considerarmos, menos erros teremos no futuro. Portanto é importantíssimo essa primeira etapa do planejamento, pois se prevermos o erro antes dele acontecer estamos evitando perdas desnecessárias.
Mesmo que simulássemos perfeitamente a evolução da conta no decorrer do jogo, é impossível listar todos os fatores influenciáveis que podem ocorrer com o jogador. Por isso, não devemos apenas planejar no momento da concepção da conta, devem haver correções periódicas e o planejamento deve ser ajustável.
Um exemplo para ilustrar:
Se você começou à planejar depois de um longo tempo de evolução sem um objetivo definido e agora quer mudar de ilha, vai gerar perdas. Independente de usar ambrósias ou não, vai gerar custos desnecessários.
A questão então não é se você vai ter perdas ou não. Porque perdas você vai ter com certeza.
A questão é qual decisão é o menos pior. Vou listar alguns fatores na hora de considerar se uma mudança é vantajosa ou desvantajosa:
- Ficar perto de amigos e/ou aliados não justifica, eles podem parar de jogar, você pode ser expulso/sair da aliança.
Estar longe do núcleo pode ser uma estratégia: possuir jogadores longe do QG da aliança é muito importante pra ela, pois as cidades podem servir de base tanto para o ataque quanto para a defesa em uma localização onde sua aliança não é tão forte. Mas isso tem um preço, a ajuda demora muito mais à chegar caso você seja atacado. Aí entra a questão do primeiro passo do planejamento, analisar não só a situação em si, mas se aprofundar nela e tentar interligar os fatores para concluir se vale à pena mudar de ilha. Você muito provavelmente não será atacado se for uma "potência" na sua região, ou seja, se você for muito mais evoluído que seus vizinhos o perigo de ser atacado reduz consideravelmente em tempos de paz. A questão do modo de jogo dos seus vizinhos, suas relações com eles, tudo deve ser levado em consideração. Querer mudar de ilha SÓ para ficar perto dos aliados não é recomendado.
- As florestas e minas da ilha pretendida são elevadas o bastante para compensar o custo?
Você deve analisar se à longo prazo essa movimentação vai compensar e trazer lucros. Porque você poderia em vez de investir tempo e recursos na mudança, investir nas minas e florestas da sua ilha. E também entra o fator já dito no primeiro caso, os fatores incontroláveis e imprevisíveis. Pode ser que a nova ilha só é evoluída por causa de um jogador que já parou de jogar ou mudou de lugar. Se a sua ilha tem bons doadores e na nova ilha nenhum jogador doa, a longo prazo as ilhas podem ficar no mesmo nível e até superá-lo. Assim como querer mudar só para ficar com os aliados, querer mudar SÓ por causa dos níveis da ilha não é recomendado.
- Templo também não justifica a mudança.
De nada adianta um Hefesto nível 5 se ninguém da ilha possui templos e também se você for usar os milagres só em tempos de guerra ou esporadicamente, acredito eu que a mudança SÓ para conseguir determinado milagre não compensa o custo.
Então na hora de mudar de ilha, é preciso levar em consideração todos os fatores influenciáveis no seu desenvolvimento dentro do jogo e não focar apenas no interesse principal. Às vezes é mais vantajoso continuar na sua localização, porém pode compensar mais mudar de ilha a longo prazo. Cabe a você julgar a melhor decisão.
Planejado os fatores externos, é preciso agora pensar nos fatores internos da sua conta, que abrangem os aspectos físicos e produtivos sobre as quais é possível exercer controle. Portanto, é a parte mais importante na hora de se planejar uma estratégia, porque os fatores internos são os que mais influenciam a sua conta, além de ser um dos únicos fatores que podemos controlar, podemos compensar os nossos pontos fracos corrigindo os problemas internos.
Aqui, eu divido os fatores internos em sub-fatores:
- Produtivo;
- Rendimento científico;
- Rendimento de Ouro;
- Rendimento de Madeira;
- Rendimento de Bens de Luxo;
- Custos com cientistas, sacerdotes, unidades terrestres, unidades marítimas;
- Tipo de governo;
- Estrutural;
- Nível dos edifícios;
- Distância entre suas cidades (ilhas);
- Disposição das cidades de acordo com os Bens de Luxo.
O planejamento interno é um dos passos mais importantes para planejar a sua estratégia, porque é nela que estão os fatores que mais pesam na evolução da sua conta. É aqui que se diferenciam bons planejamentos de maus planejamentos que resultam em uma boa conta ou uma conta mal estruturada.
Um bom rendimento de ouro pode suportar muitos cientistas, trabalhadores e exército. Para isso, o nível das Câmaras Municipais deve ser alta, e não só isso, para que a população cresça e esteja satisfeita, a Taberna também não deve ser de baixo nível.
O Museu entra para complementar a função da Taberna, ela não deve ser a principal fonte de satisfação das cidades porque entra na questão dos fatores externos: não podemos prever o comportamento dos outros jogadores. O bom uso da Taberna e do Museu possibilita expandir as Câmaras Municipais, minimizar o consumo de vinho, consequentemente aumentar o rendimento total. Contudo, devemos racionar o quanto dependeremos do Museu e manter sempre um plano B caso o pior ocorra.
Assim, vemos que não podemos apenas investir em um ponto. Mesmo que você seja guerreiro e evolua apenas Quarteis, Estaleiros e minas de enxofre, se não tiver uma estrutura que suporte um exército grande de nada adiantará diminuir o tempo de recrutamento de exército e barcos se não tem rendimento suficiente para mantê-los em suas cidades/em movimento, ou se sua mina de enxofre é baixa e gera uma quantidade menor de enxofre inutilizando os seus quartéis/estaleiros evoluídos.
Não posso afirmar aqui o que você deve evoluir, quantos níveis evoluir, etc, porque vai da estratégia de cada um. No meu caso, deixo as Tabernas 5 níveis acima do nível da CM, e fixei (por enquanto) o nível dos Museus em 10. Assim, em tempos de guerra posso aumentar o consumo de vinho ao máximo, aumentando a satisfação dos cidadãos diminuindo o tempo de regeneração da conta e recrutar unidades com mais rapidez. Apenas nesse exemplo já foram incluídas o nível dos edifícios, o rendimento de ouro, rendimento de madeira e enxofre, disposição das cidades nas ilhas de enxofre, nível das minas de enxofre e floresta, número de jogadores pela qual possuo tratado, etc. Caso eu usasse um tipo de Governo diferente e/ou usasse algum milagre, como o Jardins de Demeter, outros fatores entrariam só nessa situação.
Imagine então planejar uma conta que ainda nem foi criada. Se você pensar em todas as infinitas situações hipotéticas que poderá enfrentar, nunca irá começar a por a mão na massa. É muito importante planejar antes de fazer, porque evitará perdas de recurso e tempo, mas também deve assumir riscos calculados e ouvir (e não seguir cegamente) a sua intuição. ousadia é uma qualidade importante para ser competitivo, não tenha medo de arriscar e perder, lembre-se que o jogo é um jogo, e a não ser que tenha gastado dinheiro com ambrósias, não perderá algo de importante para a sua vida. A diversão é a parte mais importante, se você não se diverte jogando, não vai se divertir planejando, nem atacando outros jogadores nem xingando no fórum. Muitos jogam Ikariam como se seu orgulho estivesse em jogo, se desprezam e se acham melhores que outros, principalmente no fórum, e esquecem que no final o jogo não traz nada além de lazer, ele foi feito com essa finalidade.
Resumindo, você deve planejar a sua conta de acordo com o seu objetivo, mas deve levar em conta elementos externos que não são controláveis e muitas vezes não favoráveis ao seu desenvolvimento. Devemos procurar por soluções que amorteçam tais empecilhos e muitas vezes sacrificamos algum ponto para compensar em outro que valha mais a pena.